Primeiras impressões

Dona Seiko

Cruzei com Dona Seiko no elevador há cerca de 1 ano, logo que ela veio morar no prédio. Ela falou que no dia anterior tinha sido barrada no elevador social por outra moradora, só porque trazia sacolas de supermercado nas mãos. Dona Seiko achou graça e, apesar de aparentar ter quase 50 anos, comentou o quanto achava deprimente a outra senhora, apenas um pouco mais velha, ter tão pouco a fazer da vida e gastar o tempo vigiando os vizinhos.

Dona Seiko morava com o pai, um senhor muito frágil e devagar no andar, sempre muito arrumado e simpático. Ela dava aulas de piano. As aulas geraram controvérsia no condomínio, mas na última assembléia ficou decidido que ela poderia continuar, contanto que recepcionasse cada aluno no portão do prédio.

Na semana passada, Dona Seiko teve uma gripe forte. Foi internada, descobriu-se que era uma pneumonia. Dona Seiko faleceu e agora o pai idoso mora sozinho no apartamento de 120 metros quadrados.

Mais daquelas coisas da vida que simplesmente não fazem sentido nenhum.

Sempre terei Paris

Mais uma vez vou à Europa e não vou a Paris. Poderia. Não vou.

Minha relação com Paris é como a que tenho com alguns romances e contos de Machado de Assis. Evito lê-los porque temo chegar ao dia em que, tendo lido todos, não vou mais me animar a abrir um livro novo, porque saberei que o melhor que existia eu já li.

Planejo conhecer muitas outras cidades do mundo. Nova York. Veneza. Praga. Quando a Paris, prefiro ir passando só por perto.