Capitu com Beirut e Black Sabbath

Dom Casmurro, o livro

O meu é bem velhinho. Herdei de alguém na adolescência. É da Editora Ática. Não há ano de impressão, mas o número de telefone da editora tinha só seis dígitos: 32-3436. As páginas estão amareladas e há um rasgo na contracapa. A capa tem uma ilustração que mostra Bentinho, já idoso, olhando um retrato da jovem Capitu na parede.
Há alguns anos, ganhou um marcador que nunca saiu de dentro dele, apesar de não ter muita relação com o conteúdo. É uma propaganda da campanha de Luiza Erundina (ao governo?) de 1996. Ela autografou esse marcador, que ganhei numa visita à Bienal do Livro com minha irmã. Éramos muito petistas na época.

Dom Casmurro

Li Dom Casmurro 5 vezes e, em cada uma delas, percebi algo que não tinha percebido na leitura anterior.
Mas, vendo a adaptação para a TV, percebo que as interpretações de uma obra têm variantes infinitas.
Nunca imaginei Dom Casmurro com esse tom poético da série. O que sempre me chamou atenção no livro foi o texto, o bom humor, a ironia de Machado de Assis, foi saber se Capitu de fato traiu Bentinho, e sobre essa última questão já tive opiniões diversas.
A série se foca em outro aspecto: mostra como os olhos da juventude são puros e podem ver as coisas de formas tão ridículas às vezes, e tão lindas noutras muitas. Essa característica do livro, que certamente foi a que mais marcou o diretor que fez a adaptação, ela é nova para mim. Talvez porque 3 das vezes em que li estava eu mesma na adolescência, e a gente dificilmente se enxerga nas coisas, a não ser que o tempo tenha passado.

Indescritível

A emoção de ver Dom Casmurro na Rede Globo.

O melhor trecho do livro, a melhor cena da série

"O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo."

Adolescência

Meu sobrinho mais velho fez 14 anos em novembro. De lá para cá, virou outra pessoa!
Primeiro, foram as mudanças físicas. Me encontrei com ele em setembro e, dois meses depois, achei que ele cresceu um meio metro. O nariz também cresceu. E deu espaço para surgirem elas, as espinhas.
A voz mudou completamente. Se ligo e ele atende, penso que é engano. Pergunto: "De onde fala?" E ele, tendo perdido toda a inocência infantil, se protege: "Quer falar com quem?"
Ele sempre foi fã de computador, mas agora viciou. Jogos e bate-papo. Ver desenho com o irmão, nem pensar. Ele gosta de ver noticiário. Passa a tragédia de Santa Catarina na TV e ele pede atenção de quem estiver na sala.
Para comprar roupa, é o caos. As lojas simplesmente não vendem número 14 ou 16. E camiseta P, de adulto, ainda é vestido para ele. Ele se estressa. Só não xinga porque não tem boca suja.

E eu sempre pensando nele com um crianção, meu sobrinho lindo que eu levava para a escolinha. Levava para casa, dava papinha Nestlé. Comia um poquinho da papinha, ele ria. Agora, se eu pegar comida dele, capaz de falar grosso comigo!

Cosméticos

A amiga vende Natura, a cunhada vende Avon e a secretária do trabalhovende Jequiti, que eu nem sabia que existia.
E assim vou gastando, gastando - mas pelo menos ficando muito cheirosa.